quarta-feira, 17 de setembro de 2014

a hora em que se procuram as sombras

Era a hora em que se procuram as sombras. não há nos caminhos vivalma. aquietam-se os sons dos bichos. no casario batem treze badaladas
o sol ia alto e os lameiros  pejavam-se de erva gretada. até as pernas se atiçavam daquele rocegar seco na pele suada.
Logo o viu, mal chegada à sombra da laje grande do moinho do castelo. Olhou-lhe o corpo e o jeito, a humidade seca na camisa sobre as espáduas. quis sentir-lhe as mãos no ardor que as ervas lhe deixaram sobre as pernas.
apertou-se-lhe. engajou-o entre as pernas, de surpresa, que os pés descalços não o tinham alertado.
"Maria, sua louca" disse-lhe com voz quente e suada, as mãos já enrededas no atiçado das pernas.
Rolaram, sobre a laje quente, o latejar dos corpos.
Acordou com a décima quinta badalada, e o som de distantes latidos.  Tinha o corpo fresco, adormecido ele nela, sem ardores. Retirou-se-lhe de debaixo, desceu a laje e molhou o corpo no rio.
Era a hora de se procurar o sol. os pássaros deambulavam já pelos céus e não tardava os campos  haviam de ter quem os cuidasse.
Ele ficou sentado na laje, a humidade seca na camisa sobre as espáduas, até à hora em que se procuram as sombras.