terça-feira, 21 de outubro de 2014

eterno instante

partia hoje e comigo viajavas.
um instante feito do sempre do momento da partida.
Não regressava.
Regressar era desencontrar-me de ti.
então não partia.
é que queria viajar contigo para todo o sempre.

encostei a testa no vidro frio.
o teu corpo estava no meu, tépido e desalinhado.
Viajavas comigo
Sempre que as tuas mãos dançavam carícias na minha pele.
naquele instante
o teu olhar perdeu-se no meu. nem eu parti, nem  tu ficaste.


lá fora, depois do vidro
o momento da partida. deste-me a mão e bailamos.
o sol pôs-se.
Estamos na barca, a viagem do eterno instante
Não regresso.
Regressar era perder-te de mim. Fica comigo, lá fora, depois do vidro.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

a primeira chuva


tenho o corpo sedento como a terra seca. O tempo quente amadurou-me, rosou-me da cor do sol.
 emaranhei-me nos campos. andei à fruta sob copas densas, os pés nas ervas secas e logo envoltos em terra solta.
Enlaças-me, presa nas silvas de um campo de amoras. Caem gotas grossas de Setembro. Tombamos sob as copas densas e o cheiro da terra molhada cola-se no meu corpo e no teu.
sabes-me à primeira chuva.

sábado, 4 de outubro de 2014

Pari-te


Pari-te.
De novo te amo.
aprendo-te. quando te toco, te sinto, te olho
encosto-te. soas a mel
Tenho o peito cheio e olhas-me, pássaro em voo perdido.
troco contigo os sons da nossa história junto ao mar, à luz do luar
os pés soltos na areia pura.
abraço-te minha filha e toco contigo a lua
e voas 

A mim me encanta amar-te.