domingo, 20 de março de 2011

Os pais são (quase) sempre grandes

O meu pai foi sempre grande. Tão grande que ao pé dele eu sabia estar segura, tão grande que ao pé dele a aventura acontecia, nem que fosse na imaginação, tão grande que a sua fé, inabalável, compunha a que me ia faltando. Era assim o meu pai, via belos corcéis nas nuvens que preenchiam o azul do céu; escrevia poesias sem nome e compunha pequenas musiquetas (a que chamava canções: op, pedrinha, op...). Tinha um castelo imaginário, onde fazia arranjos intermináveis de objectos que já não tinham grande arranjo e, das peças que sobravam e de outras que "encontrava", inventava estranhas "invenções" para facilitar algumas tarefas, dizia ele. E tocava, tocava gaita de beiços, apenas quando lhe apetecia e, por norma, ao fim do dia.
O meu pai era tão grande que nem na adolescência, quando lhe dizia que estava mais alta do que ele, achei que, alguma vez, fosse baixo...Como era grande o meu pai.
O meu pai cabia na palma da minha mão, por ser pequenino e tão doce e por isso tão, mas tão grande que o meu coração permanece imenso do carinho, da doçura, da ternura do seu estar.

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