segunda-feira, 26 de outubro de 2015

toma-me a boca



meu doce amado o mel do teu olhar deixa-me louca
ai doce amor  o sabor do teu beijar toma-me a boca
e escondo-me por entre o arvoredo das águas calmas
e se me encontras e se me tocas, estás na minha alma

ai doce encosto, que no meu corpo és quente outono
meu doce fado que em mim te embalas em calmo sono
leva-me pelas veredas das florestas encantadas
e se me encontras e se me tocas...sou eu, a tua amada

florescem rosas pelos caminhos,
doces olores, doces destinos
meu doce amor toma-me a boca
meu doce amor deixa-me louca

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

o lugar da alma

foi passear pela alma. tinham-lhe dito que era branca e leve e que tremia com as emoções.
Benedita não sabia bem o que eram as emoções, mas quando a mãe lhe afagara os cabelos e lhe soprara a oração ao anjo da guarda sentira um suspiro no peito. foi quando a mãe lhe disse que era a alma a pular de contentamento.
Decidiu passar a gostar da sua alma porque era bom senti-la dentro do peito, aos pulos. a mãe tinha-lhe dito que os contentamentos eram como passarinhos, e sempre que se voava a alma ficava feliz.
sentou-se no cimo das escadas traseiras. verdejavam os campos de ervas altas e havia andorinhas no céu. a gata vadia estendia-se no degrau logo abaixo dos seus pés. o sol já fugira do horizonte e começara a luz do lusco-fusco.
Benedita pôs a mão sobre o peito para sentir os pulos da alma. Fechou os olhos e esperou que luzissem os pirilampos. o pai dizia que alumiavam o caminho até à alma.
Quando a alma saltou e abriu os olhos, luziram mil pirilampos.
Benedita tremeu de emoção. A alma sorriu, Benedita também.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

murmuram-lhe os ventos



quando caminhou não havia chão. havia o tempo e andavam quentes os dias. caminhou pelas sombras como se fosse chão, o calor insidiosamente penetrante no seu corpo.
perdeu os dedos na areia. deixou que o areal lhe tomasse os tornozelos. assomaram-se os ventos espessos e as areias envolveram-lhe o corpo.

- perde-te comigo...hoje, murmuraram-lhe os ventos

quando o amou não havia corpo. havia o murmúrio e andavam soltos os sons. caminhou-lhe os recantos, os beijos e os afagos...a memória insidiosamente penetrante no seu olhar.
perdeu os dedos no entrelaçar da anca com a perna, onde a pele é doce e sedosa. deixou-se despir de areias. assomou-lhe o anseio dele e perdeu-se em espessos ventos, com ele.







domingo, 11 de outubro de 2015

vestida de vento



âs vezes vestia-se de vento. Abria a janela e envolvia-se no castanho doce das folhas voadoras.
sabia-lhe o corpo a desejo de uma aragem que não despia. um vento cálido e forte que sob as folhas lhe afagava a pele.
e queria-o, tal qual como se vento fora, cálido e forte, uma aragem que não despia.
Ali vestia-se de vento. abria a janela e nele se envolvia.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

te quiero


hoje acordei atrás do teu olhar. Era de manhã e eu queria-me em ti. soava-me o corpo ao fresco matinal de Setembro e havias de me envolver em morna ternura...logo mais.
- me gustas...
sussurravam em alvoroço os teus dedos no meu peito e no meu rosto. Ficava cálida a tarde de Setembro e o teu olhar amava-me...a mim.
- Te quiero...
não sei se me beijaste, como me beijaste, sei que dancei os meus lábios nos teus beijos. e era sempre Setembro, quando as terras se despem e o teu corpo dançava...no meu.

estás no meu olhar, onde danço os teus beijos e é Setembro, quando as terras se despem.