Em defesa da língua portuguesa, este blog não adopta o "Acordo Ortográfico" de 1990 devido a este ser inconstitucional, linguísticamente inconsistente, estruturalmente incongruente (para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral)
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Uma História de Amor: Do acto do conhecimento "escreva qualquer coisa, sim?"
" 2-7-958
Sr. Doutor
Recebi sua carta e muito lhe agradeço a atenção que dedicou à minha modesta pessoa.
Em presença de tal atenção não podia de forma alguma deixar de responder-lhe, pois julgo que não há carta alguma que não mereça resposta e demais tratando-se de uma pessoa pela qual tenho grande simpatia e consideração.
Não sei se é disparate dizê-lo, mas creio que acima de tudo está a sinceridade, predicado que muito admiro, e como tal, vou sê-lo para si.É certo que algumas vezes me tenho prejudicado por esta minha maneira de ser, mas não me interessa, ser sincero é adorar a verdade e a franqueza.
Pois Sr. Doutor, comigo passa-se a mesma coisa, isto é recordo também o desejo de nos podermos encontrar e falarmos um pouco, trocarmos as nossas impressões, mas creia que nunca pela cabeça me passou que o sr. Doutor teria o mesmo desejo, pois mesquinha como sou sentir-me-ei um pouco inferiorizada junto de si. O nosso convívio foi pouco, por isso pouco ou nada dissemos, e muito poderíamos ter dito, mas no meio daquela confusão, daqueles olhares indiscretos, limitámo-nos apenas a saborear a música que parecia às vezes embalar-nos e a observar as reacções de cada.
Muito gostava de estar mais uma vez com o sr. Doutor para falarmos um pouco, pois tenho sempre grande prazer em conviver com pessoas com mais conhecimentos do que eu, para não cristalizar. Aqui é impossível esse convívio.
As pequenas de Moura convidaram-me para ir passar o domingo com elas, mas disse-lhes que não pois receava que o sr. Doutor pensasse que só ia lá por sua causa. Teria grande prazer se o visse e lhe falasse, mas desisti e resolvi ir a Beja ver uma "matinné" se a houvesse ou visitar umas amigas. Como vai também, essa notícia deu-me imensa alegria, pois como é o desejo de ambos, temos assim a oportunidade de nos voltar a ver e passear um pouco, talvez sem terceiros.
Pode ser? devo ir daqui na auto-motora das 11h e 8m a não ser que queira ir na da tarde, o que para mim é um pouco tarde porque às 6h toda a gente anda passeando e como conheço lá muita gente é um bocado aborrecido se me vêem sózinha consigo.
Escreva qualquer coisa, sim?
Sou a Lucilia ao seu dispor.
P.S. Não me troque o nome."
"15-7-958
Meu querido
Não podes imaginar quanto me custou passar o domingo. A todo o momento me estava lembrando de ti.
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Estou como tu a contar os dias pelos dedos,mas parece que o tempo não anda, só quando estamos juntos é que ele foge.
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Dizes então que as algarvias ainda não te fizeram esquecer-me. Fico-te muito grata pelo amor que me dedicas e para ti meu querido vai todo o meu carinho, todo o meu amor.
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E pronto querido. Dize lá se não fui tua amiguinha, escrevendo logo após a recepção da tua carta? Para ti serei sempre pronta a escrever-te, mas não sei se te aborrecem as minhas longas cartas,
Num grande abraço beija-te a tua Lucilia"
(in cartas de uma história de amor- espólio pessoal)
domingo, 21 de julho de 2013
a brisa
o mar estava cálido,acariciava a pele. as ondas batiam suaves. rolavam em espuma branca no verde transparente das águas, cavalgadas pelos inúmeros surfers de fim de tarde.
Cobri-me de mar, flutuei por entre a espuma e vi desenhada a estrada de prata até ao Sol. A brisa passeava por entre o quente, beijava-me os lábios de sabor salitre.
Lia, a princesa, pincelou os pés de areia e correu nos regatos de água de mar deixados pela maré baixa. O pequenino beagle corria atrás dos pássaros e Lia soltava risos de contentamento.
No areal a brisa soprava a luz do sol, o cheiro do sal, o som das ondas do mar.
Lia abraçou o mundo e pulou-me no colo. o som do fim do dia escorregou-me no olhar húmido e quis assim a eternidade.
Lia apontou o Sol e disse: "-Tátá"
Cobri-me de mar, flutuei por entre a espuma e vi desenhada a estrada de prata até ao Sol. A brisa passeava por entre o quente, beijava-me os lábios de sabor salitre.
Lia, a princesa, pincelou os pés de areia e correu nos regatos de água de mar deixados pela maré baixa. O pequenino beagle corria atrás dos pássaros e Lia soltava risos de contentamento.
No areal a brisa soprava a luz do sol, o cheiro do sal, o som das ondas do mar.
Lia abraçou o mundo e pulou-me no colo. o som do fim do dia escorregou-me no olhar húmido e quis assim a eternidade.
Lia apontou o Sol e disse: "-Tátá"
sábado, 20 de julho de 2013
deitou-se em mim
deitou-se em mim, amou-me assim
sem tempo
com todo o tempo
perdeu-se em mim
beijou-me o ventre, mordeu-me ardente
soltou-me ao vento, num barco quente
navegou-me o corpo, de porto em porto
sem tempo
com todo o tempo
encontrou-se em mim
deitou-se em mim e amou-me assim
sem tempo
com todo o tempo
perdeu-se em mim
beijou-me o ventre, mordeu-me ardente
soltou-me ao vento, num barco quente
navegou-me o corpo, de porto em porto
sem tempo
com todo o tempo
encontrou-se em mim
deitou-se em mim e amou-me assim
quarta-feira, 10 de julho de 2013
na tua rua
passei na tua rua e entrei devagarinho. o pássaro azul abriu-me a porta.
passeei na tua rua, um rendilhado de sombras e luz com os sons do amanhecer. os sons frescos do amanhecer quando os dias são tórridos e gélidos.
o amanhecer pintava, na tua rua, as ondas do meu corpo, curvas de sedutoras sombras. o pássaro azul bicou-me as orelhas. e tu chegaste, entraste na tua rua, nas sombras sedutoras do meu corpo.
o amanhecer aquecia devagarinho os recantos da tua rua. o pássaro azul saltitou-nos no redondo dos nossos ombros, chilreou o sol da manhã e aninhou-se no meu pescoço.
hoje ou ontem, não sei, passei na tua rua. o pássaro azul voou sobre os meus cabelos mas a manhã esqueceu-se de amanhecer.
acordei ao amanhecer, nos sons frescos do pássaro azul poisado na minha cama. lá, no centro da tua rua.
passeei na tua rua, um rendilhado de sombras e luz com os sons do amanhecer. os sons frescos do amanhecer quando os dias são tórridos e gélidos.
o amanhecer pintava, na tua rua, as ondas do meu corpo, curvas de sedutoras sombras. o pássaro azul bicou-me as orelhas. e tu chegaste, entraste na tua rua, nas sombras sedutoras do meu corpo.
o amanhecer aquecia devagarinho os recantos da tua rua. o pássaro azul saltitou-nos no redondo dos nossos ombros, chilreou o sol da manhã e aninhou-se no meu pescoço.
hoje ou ontem, não sei, passei na tua rua. o pássaro azul voou sobre os meus cabelos mas a manhã esqueceu-se de amanhecer.
acordei ao amanhecer, nos sons frescos do pássaro azul poisado na minha cama. lá, no centro da tua rua.
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