sábado, 30 de maio de 2015

a árvore grande

encontra-me.
perdi-me porque queria que me encontrasses. depois não encontrei o caminho ou foste tu que cruzaste outras paixões.
Fiquei eu na floresta encantada e havia um rio que enfeitiçava o tempo. havia nele uma barca a que faltavam as velas e o vento não soprava.
no galho da árvore grande estava um pássaro poisado. sentei-me no ancoradouro, a água a beijar-me os pés, tapei os olhos e contei até dez. Cuidei que te escondias.
procurei-te porque não me encontravas, mas não estavas atrás das árvores nem entre as ervas. sabia-te na barca. Puxei devagarinho a corrente do rio e deixei-te largar âncora.
Encostei-me na árvore grande. o pássaro poisou-me no ombro e bicou-me a orelha.
disseste-me, enquanto me apertavas ao peito e me olhavas o rosto, que também tinhas tapado os olhos e contado até dez, para me encontrares.
acordei com borboletas desenhadas na paisagem e a barca a baloiçar no rio onde não sopra vento.
quero que me encontres quando tapas os olhos e contas até dez...estou atrás da árvore grande.

2 comentários: