terça-feira, 22 de outubro de 2019

Asharam, o poeta ou as terras dos caminhos perdidos

Tinha o musgo posto, um verde inquietante feito de vales e montes. A caixa de cartão esperava. era então tempo de construir uma história. Sentou-se no chão, a caixa respirava já...
Sindala sentou-se na beirinha da caixa, olhou interrogativamente Benedita, cocegou-lhe a pontinha do queixo, onde se abre o sorriso do olhar, e perguntou:
- Benedita, que triste olhar é esse?
-disseram-me que era Natal, Sindala.
-Ah!
- Sim, disseram, mas não sei o que é...
- Ah! Vens comigo?
- onde vamos?
- Dentro da caixa Benedita, vês como ela respira já?
- Mas..
 - Dá-me a mão, sim? Isso! um, dois, três, salta comigo
.......................................................
- Sindala, onde estamos?
- Nas terras de Asharam, o poeta..
no horizonte permanecia uma névoa. repousava sobre campos que pareciam verdes e acasalava com uma floresta, de árvores algo dispersas.  

Seguiram pela estrada, quase asséptica. parecia-se com os caminhos sem fim das terras quentes, cortada pela névoa longínqua que não deixava adivinhar o destino.
corria uma leve brisa que lhes afagava o rosto e os dedos e fazia das terras quentes uma memória distante.
- sabes para onde vamos?
- não estou certa. Por aqui perderam-se os caminhos para chegar a Asharam. Dizem que se encontram quando acontece a poesia
- Sindala, choramingou Benedita, como vamos chegar? estou muito cansada. E sentou-se na beirinha da estrada, no começo das fumarolas de neblina que acoitavam  mistérios que a brisa desnudava.
- Escuta Benedita, escuta!
- o que escuto?!
- Shiuuuu!
Foi quando ouviu que a flor crescia. a leve brisa abriu uma brecha na neblina e Sindala gargalhando disse:
- Poesia Benedita, poesia, vês o caminho? Por aqui vamos.
- E já sabes para onde vamos?
- Não estou certa Benedita, mas para aí vamos
Benedita pensou "disseram-me que era Natal". Cocegou a pontinha do queixo e sorriu.

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