sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

o dia depois

Zi levava-a para amanhã. Pelo caminho, pousada no redondo branquinho do seu ombro, tinha-lhe contado a história do dia depois. Em Tempo não havia dia depois, só havia a seguir, como os passos a caminhar um sempre a seguir ao outro. Lia, a princesa, já conhecia como era a seguir mas não sabia como era depois. Zi explicou-lhe então que para saber o depois tinham que subir a montanha e encontrariam o amanhã. Foi quando lhe poisou no ombro, para a viagem ser mais leve, e puseram pés e asas a caminho por Tempo fora.
No cimo do povo das pessoas tristes, elevava-se a frágua. Lá, no cimo, era depois. subiram o trilho dos ninhos das águias, um a seguir a outro, até ao topo, ao ninho de Ugardila.
Lia abriu os olhos de espanto. Para além, nunca mais acabava, enchia-se de colinas, vales, regatos e muitas cores até onde não se via mais.
- boboleta Zi, como é depois?
- Depois, é quando escolheres, minha princesa, a viagem que queres seguir.
- a Lia  "gotava" mais sem depois...
- Então ficamos aqui princesa, ou voltamos atrás....retorquiu Zi
- depois, Zi, "queeo" depois. como é depois? conta, conta a mim Zi.
- Sabes Lia, depois é....é...e, após um silêncio maior contou: - é que depois surgiu uma luz no céu e desceram até ao regato no fundo do vale. As águias bateram as asas e fizeram dançar o vento. Tempo agitou-se, e tu, princesa, ias no caminho do amanhã.
Lia beteu palmas, pousou Zi no seu indicador e esfregou-lhe o nariz nas asas. Apontou para o horizonte por sobre uma vereda no topo da colina e disse: - Por ali, Zi, "queeo" ir por ali.
Rompeu no além um bocadinho de Sol, depois....Tempo estremeceu.

Sem comentários:

Enviar um comentário