quarta-feira, 2 de março de 2016

consertou o tempo


entraram na madrugada húmida da floresta. aqui e ali o sol brincava por entre a rama e acariciava de mansinho folhas e musgos e algumas bagas que escapavam à sombra das copas das grandes árvores. A névoa dissipava-se numa leve dança erótica com as heras que se enroscavam nos troncos rugosos e esguios. continuaram, de mãos dadas, os pés descalços por sobre a calidez da terra guardada sob as folhas soltas.
tinham-se perdido no tempo das carícias ausentes no desencontro das palavras em que se desejavam. foram semeando ternuras e feitiços numa alcova vazia numa floresta encantada e fecharam as páginas de um livro que abriam sempre que o destino os encontrava.

caminharam de mãos dadas, por entre as árvores grandes, a terra a exalar-se em calor, o sol a iluminar o caminho. a alcova esperava-os cheia de ternuras e feitiços por acontecer e a floresta encantou-se de cores. deitaram-se,  prendeu-lhe os cabelos com o arco-íris e consertou o tempo.
- Amo-te, disse.

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