segunda-feira, 23 de maio de 2011

os meninos verdes faziam risos

faziam risos, os meninos verdes. A primeira vez que os vi, rebolava na erva macia e orvalhada, de uma manhã de primavera, que desembocava no milheiral que frente à minha porta se estendia como um tapete sem fim.
Primeiro um, depois outro e mais outro até que à minha frente, de cada cana de milho, vi mil sorrisos, tão brancos, com tanto brilho que o verde quase desaparecia. E aí soaram as gargalhadas, tão vivas, tão frescas como o orvalho por onde tinha quase esvoaçado. Espantei-me, de olhos esbugalhados, a mordiscar os meus lábios, e assim fiquei, sentada, esperando por breves segundos as respostas que apenas continuaram com tantos, mas tantos risos, que desatei a rebolar, e a rebolar sobre a erva, e a rir, a rir de paixão.
Há muito tempo que não os vejo, aos meninos verdes, e é certo que já há muito que não rebolo por um prado orvalhado, numa tépida manhã de primavera.

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