quarta-feira, 23 de maio de 2012

viagem (1981)

sentei-me no oceano das palavras
descobri o caminho marítimo para Vénus
Introduzi-me no país Eu
e perdi-me
em risos desmedidos
sem saber para quê
Ah! sim, lembrei-me
porque me sinto feliz
e, porque me sinto feliz
perco-me novamente
sempre fugindo, sempre encontrando.

Ah, que bonita a literatura, o conto, a história,
o que quero dizer encerrado em sinais, símbolos, nada de eu.
Ah, sim, claro que gosto de ser eu
talvez que sem mim eu não fosse!
mas, já viu bem o problema?
a essência de mim, sem mim, que poderia ser?!

o branco universaliza-me..(.flash and flash)saber
tiranizando-me...
gostava de saber inventar palavras,
gostava de saber transformar as palavras em nada.

um dia vi um santo pendurado, na minha frente
gostava de não ter visto o santo.
também há algum tempo eu sonhava com sonhos.
agora desci das nuvens, num cavalo alado
cruzei com tudo o nada
transformei-me em cinzas.
Ah, como sou um grande mago, perdão, um santo,
perdão um louco, perdão um herege,
gosto de ser pessoa, tal como são as pessoas, mas eu.

sinto por vezes o peso do universo.
a flor é o mais lindo cheiro. cheiro a flor.
cheira a merda!
Enfim, que escrevo eu? Coisas!!


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