quarta-feira, 19 de setembro de 2012

...num segredo de frutos maduros...

no fim do verão está um segredo.
parece-se com o fim do arco-irís e tem o cheiro do sol nas ervas amareladas e secas que povoam as terras.
no fim do verão está um calor quente que humedece a pele e lhe cola a poeira da terra do fim das colheitas.
no fim do verão caem aquelas gotas grossas de chuva que penetram o solo e o soltam em orgasmos de cheiros.
no fim do verão há intensos vermelhos no azul do céu de todos os ocasos que invadem bagos e frutos de sabores astrais.
no fim do verão quero que percorras a minha pele com pincéis de feno, algures deitados na pedra quente de uma eira onde se malhou o trigo
no fim do verão a noite quente inebria-se de estrelas cadentes pedacinhos do universo a semearem-se na terra-mãe
no fim do verão há uma bênção de terna loucura nas colheitas, há cânticos a magas deusas das terras e danças de gratidão
no fim do verão não quero o fim do verão. quero um eterno fim de verão onde me encontro contigo sobre a eira, na ponta do arco íris, e tu me envolves num segredo de frutos maduros antes de viajarmos por entre as estrelas cadentes...
no fim do verão quero-nos, sem fim.

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