quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

a gata vadia

Havia uma gata, sem nome. Era vadia aquela gata, uma gata vadia! Aninhava-se no seu colo e ronronava mansinha e quente. Benedita acariciava-lhe a macieza do pelo do lombo e ela roçava a pata no seu nariz, como quem se coça de ternuras. Decidia então cambalhotear e aninhar-se em sentido inverso. Encostava-lhe o rosto àquela macieza do pelo e fazia-lhe fosquices. Era quando ela, aquela gata vadia, tremelicava as orelhas, em espasmos de plena langura e se espreguiçava toda, barriga virada para cima, no seu colo e quase dele caía sobre o degrau da escada. Depois, satisfeita, saltava aristocraticamente para a pedra do degrau e lentamente afastava-se pelo caminho, rabo empinado de ponta rolada. Lançava no ar um miado doce e desaparecia por entre as ervas do campo de trás. Era o fim da manhã e a mãe quase a chamava para o almoço e nesse quase Benedita pegava no seu João chorão e embalava-o nos seus braços, ronronando como a gata vadia.

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