quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

o prédio

na vila as casas sorriam e choravam sobre as ruas, as praças e as calçadas. Algumas aconchegavam-se em becos estreitos, outras desenhavam-se como canteiros em pátios rodeados de parreiras. Aí, as janelas abriam-se para intimidades de tímidas volúpias, cheiros mais frescos nos pátios, mais húmidos nos becos.
Nesse tempo, das casas, nasceu na vila, o prédio. Não se aninhava no corpo da vila, estava ligeiramente fora, como as casas de campo, mas era um prédio.
Exercia o fascínio de uma catedral, porque não era uma casa.
viviam lá três, isso mesmo, três meninas da sua  criação. Eram filhas de mães mais lindas, sempre muito bem ajeitadas (era o que pensava na altura) e tinham a sorte de viver no prédio. Foi assim que pode conhecer um prédio e brincar nos seus segredos, muito parecidos com os das catedrais.
E, era verde, muito verde! Mas podia ser verde porque era o prédio. A verdade é que gostava mais da alvura das casas da vila, o prédio era apenas uma viagem à modernidade.

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