domingo, 9 de junho de 2013

o lado contrário do sol

ela saiu assim. o peito apertado de uma saudade tão grande quanto a chuva que caía dolente nos sábados dos dias cinzentos. era por isso uma saudade que escorregava na calçada por onde os seus passos ecoavam. o eco dos saltos, ouvia-o nas gotas de chuva.
ele estaria no cabo do mundo, numa nau de madeira à espera de levantar âncora. assim ela lhe aconchegasse a saudade do peito mal as gotas de chuva lhe invadissem a amurada.
apertou-a no peito, a saudade feita de presença ausente. embalou-a nas velas que os suspiros enfunaram e zarpou, rumo ao lado contrário do sol.
amou-a na gota de sol  feita da saudade da chuva dolente.

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