sexta-feira, 9 de agosto de 2013

fez-se flor

agarrou no mundo como quem agarra as voltas da sua saia. Dançou com ele como quem traz o sol no colo. Avançou resoluta no mistério da terra. Prendeu-se nos véus da roupa, fez-se flor e encarnou de encarnado, vivo e latejante!

---------o postigo batia lento na portada, era o silêncio do tempo quente que o alentava. dir-se -ia que esperava gente. aguardava que o viajante se lhe acercasse, espreitasse e gentilmente levantasse e lingueta do trinco.
o fresco da sombra de dentro puxou-o para o átrio forrado de madeiras claras. o postigo bateu lento. passou-lhe no olhar o eco rubro de um tecido e no rosto a macieza branca da pele. trancou-se o postigo, trancou-o com o corpo na porta.
o postigo bateu lento na portada.o viajante adormeceu os sentidos na manta de trapos sobre o soalho de cheiro a pinho. levantou a lingueta, soltou a sombra fresca na rua e saiu.-------------------------------------

agarrou no mundo como quem agarra as voltas da sua saia. Dançou com ele como quem traz o sol no colo. Avançou resoluta no mistério da terra. Prendeu-se nos véus da roupa, fez-se flor e encarnou de encarnado, vivo e latejante!

Sem comentários:

Enviar um comentário