segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

a cor dos dias cinzentos

caminho numa viela estreita. ando à procura da cor dos dias cinzentos.
sei que ali mais atrás me sentei ao quente e estava escuro na cozinha de paredes lambidas pelo fumo da lareira térrea. Bruxuleava a luz tímida de uma candeia que iluminava sombras. Cheirava ao caldo da panela de ferro à espera da ceia.
na viela o dia continua cinzento, quase branco. cai do céu a cor do frio, húmido.
Cheira a fumo. No ar branco chia o som da lenha que as casas queimam. agarram-se-lhe histórias e sorrisos, choros e segredos.
Nesta outra cozinha de paredes lambidas pelo fumo havia o cheiro do café quente. petisquei no naco de pão com azeitonas ao som de histórias de princesas mouras e tesouros encantados. No tecto a lâmpada tremeluzia um pálido amarelo que fazia permanecer nas sombras a expressão dos rostos como se anoitecesse mais cedo dentro de casa.
a viela ainda é estreita e sei que gosto dos dias cinzentos. É quando cai do céu o silêncio e se ouvem as almas das gentes.

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