segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

tecelã de memórias

era de fino algodão, seguramente lençol de alcova nupcial. sentia-lhe o toque mole e doce, e um inebriante fresco do corar ao sol. Encontrou-o lá, por entre histórias de emoções. Cheirou-o por entre os dedos, suado e quente, o odor a pinho seco.
Desejou-o seu. Sentiu-o como se estivesse ausente: um intenso calor por entre as coxas, um sopro ofegante sobre as espáduas e a volúpia de toques sobre o seu ventre.
Alícia dormia, na sombra dos sonhos, por entre as vagas dos tecidos em que se deitava.
Acariciava as texturas num ritmo cadenciado, entre o polegar e o indicador, em busca das almas por ali habitadas.
Encontrou-o lá e amarrou-se-lhe o coração.
Balbuína sorriu ao ver a agitação do sono de Alícia. A aprendiza de tecelã de memórias fazia a trama da primeira manta.

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