terça-feira, 2 de dezembro de 2014

num acaso de terra

- não sei se tenho conterrâneos. Nasci num acaso de terra cercado de água por todos os lados. Chamam-lhe ilha. Algures sulquei (porque me lavaram) os mares com destino ao continente. dentro de mim a ilha, sei-o hoje.
tenho vivido rodeada de água. Conterrâneos? talvez outras ilhas que como eu sulcaram mares.
Sinto-me bem neste território endémico mas passo o tempo num desnaturado desejo de encontrar conterrâneos.
em cada encontro, acordo em momentos de mim, pequenos universos ancorados nas ilhas da minha história. Julgo que nasci para fazer acontecer os contos das brumas, dos momentos de viagem, quando o tempo fora de nós passa mais depressa. é aí que eu encontro os conterrâneos, meus e dos outros. Nem sempre são gente, às vezes são equívocos, caminhos errados e portas sem saída.....
Balbuína suspirou longamente.
- Vês princesa? Acordei aqui para te encontrar, neste acaso de terra que desabrocha em ervilhas de cheiro. amanhã viajamos mais depressa que o tempo de fora, quando voltarmos só nós mudámos.
Lia tinha os olhos tão abertos quanto a boca, e assim permaneceu olhando estpefacta para Balbuína que entretanto lhe pegou na mão e disse: - Vem, vamos, a sopa já ferve e está na hora de aquecermos o estômago. Gosto da tua ilha princesinha....
Lia sorriu, encolheu os ombros e cantarolou:
 "andava um passarinho a voar no meu jardim, 
fui lá brincar com o sol e ele cantou p´ra mim 
piupiu piupiupiupiu piupiu piupiu piupiu"
 

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