sábado, 8 de outubro de 2011

"je t`aime"

-" je t`aime", sussurrou com voz rouca ainda sem o encorpado da adultez, lábios grossos bem próximos da boca trémula de Carolina, soprando um ansioso desejo no hálito quente.
Carolina voltou lentamente o rosto e o beijo escorregou-lhe do canto da boca para um roçar leve e desejoso dos lábios, trocando o respirar ansioso de um momento que se queria mais e que se temia mais.
-"je t`aime", repetiu prolongadamente, acariciando-a da base da orelha ao meio do queixo, absorvendo com o olhar o olhar que ela, surpreendida e seduzida, lhe rasgava.
Olharam em frente, para a noite, sentados no degrau do alpendre da escola, encostados os corpos, lado a lado, trementes, braços sobre as coxas e o roçar da pele das mãos, nos dedos que se entrelaçavam envolvendo-se num bailado de carícias soltas como se os corpos ali estivessem, ali se amassem.
E a mão tocou-lhe novamente a face com um delicado nervoso, pontas dos dedos suadas, e o olhar que ela não conseguia olhar percorrendo-lhe o perfil, perguntando-lhe em silêncio (- e tu amas-me?) fechando em garra e com força a outra mão sobre a dela, o respirar quente vibrado no seu rosto, os lábios roçando-lhe o lóbulo dizendo-lhe: - "gosto de estar assim".
No alpendre o arfar, nos corpos apenas a dança voluptuosa das mão e os beijos nunca alcançados de lábios sobre os lábios, deixando na noite o desejo de um desejo que não se sabia desejado.
Chegada a casa, caminho feito de mãos dadas como namorados de um novo romance, Carolina sorriu, encheu-se de amores, mas não o amou, apenas amou a noite encantada.

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