segunda-feira, 10 de outubro de 2011

medos

o silêncio sobrepôs-se ao ruído e sem som aproximaram-se os medos, rastejando fantasias negras esfumadas, sem formas reconhecíveis, sem cheiros...Parou o respirar, ergueu em tensão os ombros, e os olhos abriram-se num grito desgarrado querendo ver o que não queria ver.
A pequena abertura da porta alargou-se, sem som, sem formas. Para além apenas a escuridão, sem cheiros. O grito saiu-lhe do fundo do peito, gutural e vagido, num estranho e lacinante lamento de não poder impedir o medo...E ainda não havia som!
Soou um estalo, violento, que lhe queimou a face, lhe rebentou as lágrimas e a fez respirar. Os sons voltavam, a vida voltava. O rosto recuperou cor, os lábios humedeceram-se e chorou e riu sem contenção, sem medo.
Do lado de lá da porta estão sempre, os medos, construídos no lado de cá.

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