segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

...de um azul desmaiado

abriu a porta e cheirou-lhe a sexo...proibido. Não deixava de ter, por ser proibido, aquele travo salgado de um doce gelatinoso, algo morno, mas sentia-lhe o fugidio toque da limpeza de um leve arejamento feito à divisão.
O cenário não era romântico, nem sequer virulentamente sexualizado. Era sem dúvida o cenário do proibido e o doce acre embebia-se na alcatifa velha de um azul desmaiado e nos papéis e folhas de livros e cadernos desalinhadamente organizados em outros espaços.
Sentia, por isso, o local exacto em que os corpos desaguaram e o conforto que a paixão fez crescer naquele desconfortante e proibido espaço. E o cheiro a sexo e à urgência da sua concretização estava ali, marca de um acto nunca acontecido, porque ali.
Porquê aqui, pensou, antes na areia da praia...abanou a cabeça abriu as janelas e deixou que o ar ainda frio da manhã se impregnasse pela sala. Sentou-se à secretária e começou as tarefas planeadas.
Quando ela chegou, já não era tema de conversa. Cheirava apenas ao pó da velha alcatifa.

Sem comentários:

Enviar um comentário