sábado, 14 de janeiro de 2012

um breve branco


parecia um sorriso na paisagem, um breve branco no topo de uma colina tresmalhada e ao lado um monte pejado de urze lilás-violeta por onde apetecia escorregar. Naquele tépido início de Primavera colhia um lindo molhe, violeta, a que  juntava uma ou outra ramada do vistoso amarelo da mimosa. Carregava-o gentilmente, bem sentada no banco traseiro do Fiat de cor verde impregnando o habitáculo daquele aroma, quente e fresco. Sorria, com o olhar pequenino e rebolava por ali a fantasia.
Quando chegasse, sabia  que ele estava lá, bem juntinho ao gradeamento do jardim, sorriso envergonhado e olhar ladino.
Esperava-a para jogarem ao "minha mãe dá-me lume". E quando ele lhe desse a mão, o seu Ângelo, a ela Benedita, para chegarem ao adro da igreja, onde jogavam com os amigos, dar-lhe-ia aqueles cheiros e aquelas cores para que ele parecesse um sorriso na paisagem, um breve branco tresmalhado nos rostos da tristeza.

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