quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ah, pois! não tinham nomes.

não sei porquê, mas não tinham nomes: a minha gata, a minha rola, as minhas granizés! que nem eram minhas...
A gata era vadia, aninhava-se no meu colo e deixava que as minhas mãos lhe percorressem o pelo fofo enquanto arqueava o lombo e ronronava dolentemente. Á conta de uns bifes gamados da despensa pariu lá por casa uma ninhada arisca e não voltou ao meu colo. Era parda, a gata.
As granizés acasalaram na aldeia, andavam à solta no pátio com um bando de pequeninos granizés a saltitar bem alinhados atrás da mãe. Naquela Páscoa mais fria, as raposas filaram-nas. Mais tarde descobri que a fêmea e algumas crias ficaram-se atrás dos molhes de vides onde se esconderam das predadoras.
E a rola morreu de tristeza na gaiola que lá em casa lhe servia de ninho. Ela bem que arrulhava todas as manhãs mas também não tinha nome. E eu não gostava muito da gaiola.
lembro-me bem dos não meus bichos sem nome: o pelo pardo e quentinho da gata; os filhotes das granizés e os esqueletos por trás das vides; a gaiola sem a rola mas com os arrulhos que lá ficaram.
Tinham portanto os mais belos nomes: Gata, Granizé e Rola e foram únicas.
Ah, pois! Já todos os meus bonecos e bonecas tinham nomes, alguns já não lembro.

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