segunda-feira, 9 de abril de 2012

o odor do alecrim

não queria ter a posse de coisa nenhuma.
"as terras médias são desconfortáveis, falta-lhes a multidão que desenha os universos que desejava ser e têm aquele número de pessoas que a tornavam impessoal." (pensava)
Comprou por isso o vagão a que atrelou os machos e seguiu para nascente. Tinha tido tempo para o pintar, ao vagão, de um amarelo forte onde afoitara as palavras da sua demanda: terras estreitas, do lado esquerdo, e megaterras, do lado direito.
Saiu, mesmo antes de poder ter desaparecido no meio da gente. Para trás ficavam as terras médias, agora ia em busca de coisa nenhuma, (como chamava ao universo que desejava ser). Cortou uma penca do alecrim que  despontava do vaso pendurado no tejadilho e colocou-a sobre a orelha, poisou a cabeça sobre o ombro dele e abraçou-o pela cintura enquanto ele sacudia com vigor as rédeas que orientavam os passos dos animais.
No horizonte nascia o Sol, na caravana o odor do alecrim.

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