domingo, 21 de abril de 2013

no teu sopro


o vento soprou de mansinho. amaciou as paredes sujas do mosteiro e transportou o grasnar das cegonhas pelos meandros sombrios das entranhas das ruínas.
Lá dentro as heras caíam em grossas melenas pelos torreões e o mundo parecia acabar.
"E tu,
no voo das cegonhas
levas-me no teu sopro, o breve instante do ondular do meu cabelo no teu rosto, quando em mim te encostas e  o meu dorso esmagas no tronco da oliveira.
e eu
levo-te no meu sopro, o breve instante em que foste vento, quando em ti me embebo, trepadeira verdejante do tempo de primavera"
as cegonhas agitaram o silêncio das paredes, como um sopro, cortaram o azul do céu.
- até onde nos encontrarmos com as estrelas, quero que me leves no teu sopro! disse-lhe Sindala.

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