segunda-feira, 22 de abril de 2013

o silêncio de mim

encontrei-me com o silêncio de mim. era um cais de partidas e chegadas, de pontes entre movimentos. os bancos estavam despidos de gente, excepto aquele que lá ao fundo quase se perdia na bruma do silêncio. chegava de lá o som vago de uma melodia, uma canção de embalar "..vai-te embora gavião.....deixa dormir o menino..". Aqueceu-me o coração, pintou-me de rubor a face e embalei no meu peito o sonho.
os saltos soaram sólidos quando caminhei para o o fim do cais, onde nascia a melodia.
- Olá, - disse eu à menina de chapéu de palha e balão na mão - como te chamas?
- Benedita - disse-me olhando-me de olhar esperto. Saltou do banco e cantarolou .."de cima desse telhado"..deu-me o balão e desvaneceu-se na bruma!
- Olá!- disseram-me do banco, num som cálido e doce - come se chama?
- Benedita - disse eu.
- Sente-se comigo Benedita, - disse-me a mais bela anciã - cante-me uma canção.
Cantei-lhe uma canção de embalar. Ela encostou os cabelos brancos no meu peito e adormeceu.
Encontrei-me com o silêncio de mim, um cais de partidas e chegadas.

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