terça-feira, 5 de julho de 2011

a alcova

o cheiro e o quente das dunas são a minha casa, quase a minha cama. Não há areia naquela alcova. Há tão só o cheiro das dunas no revoltear de lençóis mornos que ondulam em pequenos vales, que escondem beijos e olhares, carícias lentas e beijos húmidos e longos.
O cheiro entrelaça-se nos cabelos, afaga as espáduas douradas e luzidias, escorre sobre os seios e estremece por entre os ventres.
o quente, aquele calor tão tépido, adoça a ligeira brisa que sopra lá mais acima, agitando um suave restolho de ervas altas mais ou menos espaçadas.
E o Sol começa a descer fulgindo em vermelho na encosta do vale, das dunas.
A alcova é deixada, de mãos entrelaçadas, rasto de pegadas na areia destapada.
Hoje nos passadiços, passa-se sobre as dunas, não se ferem as dunas, não se entrelaçam os cheiros.

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