sábado, 2 de julho de 2011

o pé, no sapato...

o pé estava no sapato. Não, não, estava numa sandália, descobria-se num vermelho escarlate que sacudia de energia a unha do dedo grande. E o pé balançava, num jeito desprendido de quem espera uma dança, a curva arqueada de pontas de ballet.
Ah!! era Verão, por isso a sandália, apesar do frio da alma, que disparate era verão, não podia haver sapato, apenas a alma queria um casaco.
E o pé baloiçava num jeito cansado da espera. Pendia e parava e num improviso arquejava para cima e para baixo.
-Dona Maria.... , ouviu-se a chamada e o pé pousou em tensão, "já temos a bexiga cheia?" -"Humm...", e o dedo de ponta escarlate elevou-se incrédulo e pousou abatido, "ainda não" -" Mais um pouco então, pode esperar."
E o pé voltou ao baloiço, um nervoso miudinho de cansaço, e a alma sem casaco, pousou sobre os pés que apenas esperavam a chamada.

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