terça-feira, 10 de setembro de 2013

a dança do canto


surpreendia-se sempre com o silêncio diferente de todas as madrugadas, como se o som do silêncio corresse em diferentes regatos e ficasse suspenso precisamente antes de saltitar no cascalho seguinte. nesse instante a manhã deslumbrava-se em rosa dourado e aquecia em doces trinados de melros.
-fica...
- vem...
Assim o canto dançava na copa das árvores...
roçou-lhe o joelho pelos recantos das coxas, os dedos perdidos no cabelo sedoso, o corpo cativo daquele calor de aconchego que a manhã em murmúrio queria quebrar... "parte, o sol vai alto".
-Vem, disse-lhe.
- Fica, murmurou...
o silêncio saltitou no cascalho seguinte.
- Volto, e sorriu.
O sol rompeu portadas dentro, louco em trinados de pássaros. Ela adormeceu.

Sem comentários:

Enviar um comentário