segunda-feira, 16 de junho de 2014

amou-o, do outro lado

estava do outro lado.
encostado no gradeamento soltava palavras por sobre olhares sequiosos.
Caía-lhe sobre a testa uma mecha de cabelo revolto, tal qual a forma ardente como jogava o corpo, naquele palco improvisado.
"Tinham corrido rumores de que os senhores lhes iam tomar os filhos e quando o arauto o anunciou, de forma clara na praça da vila, ecoaram em lamento profundo. Tempo esvaía-se em dor, as terras começaram a ficar cinzentas e o Sol passou a ter uma cortina de névoa, eterna. Esqueceram-se os sorrisos e os sons eram ecos por entre as casas.
Quando ele chegou, espantaram-se. Tinha um brilho no olhar, um sorriso tão grande e falava palavras fortes que magoavam o ar. Quase o temeram porque se tinham esquecido dos sons"
E ele encostou-se ao gradeamento, despertou vontades quando falou, e no meio da praça as gentes decidiram que era tempo de pintar de novo as cores.
Olhou-a. estava do outro lado, amando-o.
Seguiu com as gentes, a pintar o mundo. Sindala foi desenhar a fantasia.

Sem comentários:

Enviar um comentário