quinta-feira, 9 de junho de 2011

os rios da paixão

há rios que escorregam com picardia sobre as pedras roladas que foram esculpindo, em leitos baixos e límpidos, soluçando curtas gargalhadas cristalinas. São rios lavados, quase sem margens, que abrem pequenos regatos laterais, pequenos fios de água que buscam novos contornos regressando mais à frente à corrente saltitante.
há corpos que serpenteiam, meios nas águas, meios ao sol por estes meandros. Deslizam o ventre, antebraços e coxas por sobre as pedras e a areia grossa em voluptuosa dança. Erguem as pernas e os braços salpicando a corrente de gotas de água. Sacodem os ombros em alegre desvario e tombam a nuca e num repente a elevam trazendo um manto de diamantes aquíferos que se espalham em todas as direcções. Os risos soltam-se, vaporosos, os corpos rolam e deitam-se, costas sob a água abrindo-se às quentes picadas dos raios de sol, e os risos soltam-se apaixonados.
Uma vez, apaixonei-me assim por um rio...por lá desliza ainda o meu corpo.

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