quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Kaffa coffee e o caleidoscópio

tinham-se atirado para cima da colcha, procurando acalmar os mundos que tinham criado no café, sobre o oceano, em cada gole de menta e na roda de fumos comuns. O caminho quase os tinha sugado para a dimensão das plantas assassinas. A porta do hotel envolveu-os num abraço deliciosamente maternal e o quarto  pareceu-lhes o berço da infância.
Atiraram-se para a cama e olharam-se...
ela sorriu

a cada momento, micro segundo, o olhar dele refazia-se, rearranjava-se em loucos padrões de gravilha brilhante, aqui e ali atravessado por gotículas quartzicas entre o verde seco e o rosa velho e não parava, como um caleidoscópio renovava-se mirabolantemente em novas estruturas de cristais.
ela sorriu,
com a ponta dos dedos percorreu-lhe a face e suavemente cerrou-lhe as pálpebras
- Os teus olhos fazem-me cócegas, disse-lhe.
Ele continuava no seu solilóquio, sem som. Segurou-lhe as mãos, beijou-lhe a palma e abriu o olhar e continuou a murmurar.
ela riu, mais solta, agitou-se sobre a roupa e sussurrou:
-  parecem entradas noutros mundos, os teus olhos, perco-me neles. Estão estranhos e lindos, quero voar neles.
Voaram.
Acordaram, suados do calor da noite, com a chamada para a oração da medina. Sem caleidoscópio, enroscaram-se ternamente e adormeceram, nesta dimensão.



a

Sem comentários:

Enviar um comentário