quinta-feira, 8 de março de 2012

Elas, marés de ternura

elas, velhas da minha vida, são barcas onde viajo, são braços em que me acolho na infância da ternura, agora na distância da memória, São velhas sábias, doces e duras, esquecidas e contadoras das mais antigas histórias. São mares de rugas, marés de ternura, emoções perdidas em negras vestes, logo sorridas por melenas alvas. São meninas que por o não serem fazem birras, são teimosas, perderam as brisas e choram por prosas.
São elas tão fortes na minha alma, tão doces neste caminho que trilho.

estendi a toalha e levei-as p`ra minha mesa: ouvi o cantar da moda antiga, a história da moura encantada, o marido que por lá ficou em África, o saltitar dos fritos no lume, o croché de rendilhado fino, as mezinhas curativas...Não sei ainda que paixões são estas tão contadas na memória que não chegam a ser contadas.

Cheiram-me a campo, a amoras colhidas das silvas. Aí se prendem os xailes que à noite as aquecem, que num repente recolhem e apertam, para não esquecerem e contam histórias....
A minha mãe era a minha mãe, velha sábia, doce e terna, contou-me histórias e o seu xaile ficou preso nas silvas. Hoje colho-a como amora.
Elas, velhas, marés de ternura.

Sem comentários:

Enviar um comentário