elas, velhas da minha vida, são barcas onde viajo, são braços em que me acolho na infância da ternura, agora na distância da memória, São velhas sábias, doces e duras, esquecidas e contadoras das mais antigas histórias. São mares de rugas, marés de ternura, emoções perdidas em negras vestes, logo sorridas por melenas alvas. São meninas que por o não serem fazem birras, são teimosas, perderam as brisas e choram por prosas.
São elas tão fortes na minha alma, tão doces neste caminho que trilho.
estendi a toalha e levei-as p`ra minha mesa: ouvi o cantar da moda antiga, a história da moura encantada, o marido que por lá ficou em África, o saltitar dos fritos no lume, o croché de rendilhado fino, as mezinhas curativas...Não sei ainda que paixões são estas tão contadas na memória que não chegam a ser contadas.
Cheiram-me a campo, a amoras colhidas das silvas. Aí se prendem os xailes que à noite as aquecem, que num repente recolhem e apertam, para não esquecerem e contam histórias....
A minha mãe era a minha mãe, velha sábia, doce e terna, contou-me histórias e o seu xaile ficou preso nas silvas. Hoje colho-a como amora.
Elas, velhas, marés de ternura.
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